24 de nov. de 2008

Sobre a cultura de massa

As vezes fico me questionando sobre tudo que faço, penso e crio. Não vejo respaldo para com minhas idéias e ideais, sou muito velho pros jovens e muito moderno(o termo correto seria pós-contemporâneo, mas fica mais inteligível moderno ) para os jovens.

Talvez porque não faço parte do que se chama "cultura de massa" ou "cultura popular tele-radiofônica". Acho toda a forma de expressão válida, e como artista procuro compreender a essência de toda música, só para contar um exemplo.Mas me vem um "tem que valer na cama, pro gozo vira lama" ou um "crew crew crew" e me quebra no meio. É nítido que o conteúdo sexual da música move montanhas, ainda mais em uma linguagem popular a qual é compreendida por todos, quase sem exceção. Agora, por que a banalização do sexo? Há formas de expressão popular muito mais legítimas do que apenas cantar ou "rimar" uma verborragia esdruxula ao sexo, como os sambas de Cartola, Noel Rosa , Ismael Silva, ou os poemas de vinicius, carregados de sexualidade em sua segunda fase, mais "popular".

Posso até fazer o discurso de que é a expressão do povo, e blah blah blah, mas não é. O povo não se expressa. O indivíduo que se expressa e posso assegurar que se ouve (ele) por falta de opção. As músicas desses "artistas" são exatamente como um absorvente, descartavel. As ouvimos pelos carros de som nas ruas (que em nada se assemelham aos Sound Systems jamaicanos, verdadeiros propagadores de cultura e música), e em questão de dois ou três meses, já não ouvimos mais, já foram substituídas por outras de igual vazio músical.

O famoso jabá, é o responsável por essa massificação e planificação cultural. Se o povo tivesse acesso, não ouviria cartola? ou vinicius? ou até mesmo sinatra? ou outros artistas novos, como eu, que se esforçam para criar músicas audíveis e de qualidade?

Eu estou cansado dessa cultura do sexo, da violência, do medo e da opressão. O artista do funk, tem muito mais a falar do que a ladainha sexual ou apológica ao tráfico. O pagodeiro pode muito bem falar de amor, mas sem usar os cliches mais velhos ou simples do mundo da música. Se ele tem dinheiro pra um pandeiro ou um repique, pode comprar um dicionário de rimas. O rapper, pode juntar ambos os argumentos anteriores, o tema e a forma.

Afinal, falta a "aculturação" do povo em sua própria cultura, tão rica e cheia de sabores, que é nosso querido Brasil. A cultura do Brasil é estrangeira ao seus donos mais legítimos, os próprios brasileiros.

Como são pobres os brasileiros, pobres de sua cultura.

19 de nov. de 2008

Novo Blog

Criei um blog novo, especialmente para postar algumas poesias e músicas.
No meio a ideia (nomeioaideia.blogspot.com)

A medida que for achando, escrevendo e criando, vou postando.

Sobre o Artista

Seria muita pretensão falar de algo que se tenta ser?

O artista é o transformador...o codificador...aquele que passa sua mensagem através de uma expressão estética que provoque uma reação emocional no observador,no público, no outro.

A natureza da reação, bem como sua proporção e direção, não cabe ao artista nem a obra de arte em-si, apenas ao observador. Agora, de que forma é possivel que ocorra essa reação? Quais os mecanismos estéticos que o artista utiliza para provocar a reação?Ou melhor, como dar forma a mensagem, como delimitar o significado do belo, e por consequencia, parte da reação do outro?

Há várias formas de criar, em buscar o belo, não no sentido usual, mas no sentido estético da palavra. Tem aqueles que buscam algo que agrade os sentidos, os que buscam o choque do mesmo, outros que buscam uma reação específica. Mas tudo parte do mesmo lugar, do próprio artista.

E, afinal, a pergunta surge... não o que é o artista, mas sim quem. Pois a obra de arte, mesmo pertencente a um grupo ou apenas a um indivíduo, é a soma da intenção juntamento com todo o experiência adquirida no decorrer de sua vida. E por experiência, me refiro a todo e qualquer fato, ato, posição ou qualquer coisa que possa influenciar de algum modo, por qualquer que seja, o âmago de um ser. A própria observação, pode desencadear o processo criativo. E é baseado nisso, em outras palavras em sí mesmo...que surge o artista.Pois toda arte é amor, amor-próprio.

26 de set. de 2008

Sobre a Independência (Pessoal)

Agora, pretendo discorrer sobre a independência pessoal.

Primeiramente, é preciso definir em que consiste esse pessoal.No momento, vou excluir a parte material, como morar sozinho, ter seu dinheiro e etc.

Falo de independência Emocional.

As emoções, são , juntamente com nosso lado racional, o motor humano de ações.Porêm, nossa emoções dependem de fatores externos, fatos que ocorrem fora do nosso controle, pensamentos que surgem sem nosso consentimento.Consequentemente, nossas ações dependem deste misto de racionalização e emoção.E até que ponto podemos-nos ver livres do domínio externo em relação a emoções?É possivel ser independente emocionalmente?

Eu, pessoalmente, não creio nisso.O único ser que me vem a mente quando penso nisso, seria um hermitão, um sábio.Aquele que vive sozinho, sem contato com nenhum outro ser. O que, técnicamente, é praticamente impossivel.

Mas há um certo grau de independência que efetivamente é possivel atingir.A indiferença é um caminho, indiferença a certas ações, emoções, ao externo.Mas a reação mais natural do ser humano é justamente a negação, o que torna a indiferença um caminho racional, logo, nossa emoção ainda é o motor da negação e consequentemente nos prende aos fatores externos.

Ou será uma lógica muito dura? emocionalmente não sei...

31 de ago. de 2008

Sobre a independencia(capital)

Ando a pensar sobre a independência... focando em dois pontos diferentes, o primeiro em relação ao capital, e um segundo focado na independência emocional e pessoal.A segunda não cabe muito bem aqui, pois então ficarei fixo a minhas ideias marxistas sobre capital.

O dinheiro tem uma história longa, em relação a vida humana em sociedade, desde os tempos das moedas de troca(vinho por um casaco, como exemplo dado em "História da riqueza do homem, de Leo Hubberman").A consequente criação de uma "moeda" de troca, onde tudo fica "padronizado" em valores baseados nesse papel, sem dúvida foi um avanço fantástico, economicamente falando.O problema se criou tanto no mercantilismo(época que começou a brotar os economistas e teorias económicas) quanto nas revoluções posteriores.Basicamente Karl Marx , em sua obra "O Capital" fala especificamente desse problema em relação ao dinheiro, no caso o lucro.Marx demonstra o seguinte:

1-O lucro aumenta a medida que o mercado aumenta
2-O mercado é definido pelos salários do proletariado
3-O lucro diminui a medida que se aumenta o salário

Ai está, basicamente , o problema do capitalismo, que entra em crises pois a valorização da moeda é instável, assim como os mercados consumidores, em função da produção e do investimento bancário.E que me venham chamar de comunista, não o sou, na minha opinião, a Rússia apenas não deu "certo", pois priorizaram os bens errados, a pressa foi a inimiga da revolução, juntamente com a ditadura do governo.A Rússia não se tornou comunista, e sim criou um população de proletários e um governo burguês, que detém todo o capital.E como o homem não é nem bom nem mal, pois pendemos para os dois lados, a corrupção é fato.Não há comunismo de verdade no mundo hoje.

A única forma a meu ver para a independência humana do capital é , exatamente como o comunismo de Marx sugere, a planificação da economia, porem está mesma só é possível após o completo amadurecimento da industria e do comércio internacional de todo o planeta.Assim há o suficiente de meio para subsistência da população humana, alem de tecnologia e acesso a mesma.Porem, a ultra-individualidade, tão presente neste nosso período moderno-quase-pós-moderno, herança de nosso ancestrais capitalistas, há de tentar impedir por décadas, ou mesmo séculos, até que seja possível essa mudança.Concordo com Marx. que a mudança apenas ocorre através da revolução.Não vou detalhar o processo revolucionário, pois Marx já o fez, nem dizer como seria a sociedade planificada pelo mesmo motivo.O socialismo é realmente plausível até mesmo pela experiência russa e Cubana em alguns pontos sociais e de desenvolvimento.

Mas deixo aqui a minha triste visão sobre o assunto.

É provável que nos matemos-nos uns aos outros, pelo dinheiro e pelo lucro, antes que consigamos atingir esse estado.

5 de ago. de 2008

Um poema

Deixo aqui um pequeno poema que fiz a alguns dias atrás.

E quem sabe?

Se atiro no alvo
Ou acerto em baixo
Se tenho esperança
Ou jogo a toalha
Se faz sol
Ou chuva
Se busco a resposta
Ou fico na dúvida

Sem saber de nada

E quem sabe?
Se agarra
Ou larga de mão
Se vai ser inverno
Ou será verão
Se é pra fazer
Ou se arrepender
Se é pra ir
Ou se esconder

Sem saber de nada

E quem sabe?
O dia de amanhã
Se acordo cedo
Ou durmo direto
O que aguarda o coração
Ou a certeza da decisão

Eu não sei de nada

E quem sabe?
Se me caso
Ou compro uma bicicleta
Se me caso
Ou compro uma bicicleta

1 de ago. de 2008

Sobre a Saudade

E a saudade? o que é a saudade?
Nada mais é do que a ausência de um fato, ação ou pensamento.
Saudade dos bons tempos, saudades de alguém, saudade da infância.
Agora a saudade é muito mais que isso.Há um mix de sentimentos muito grande dentro do que se chama saudade.Há o sentimento de vazio, que algo falta ser preenchido, ou uma memória que nós trouxe algum prazer ou emoção intensa que nos dá vontade de revive-lo novamente.
Reviver seria a palavra chave para a saudade.A saudade nada mais é que a vontade do novamente.
Novamente, e novamente e novamente, quanto mais saudade mais vontade de reviver as sensações ocorridas no momento passado.

E como dizia nosso querido poetinha:

"Chega de saudade, a realidade é que, sem ela não há paz"
Vinicius de Moraes, Chega de Saudade

25 de mar. de 2008

Sobre o amor

Ah, o amor... algo tão intenso e misterioso, que palavras não descrevem com perfeição, mas um simples olhar já o demonstra.Se pode escrever o quanto quiser sobre o amor, e apenas os seres que já o provaram haverão de compreende-lo.Há um citação interessante sobre ele "O Amor é afim à transcendência;não senão outro nome para o impulso criativo e como tal carregado de riscos, pois o fim de uma criação nunca é certo" (Zygmunt Bauman; Amor Líquido, pág 21). Tantos artistas escrevem, pintam, cantam, criam sobre ele, uns de forma mais frugal, outros levianamente, alem dos profundos e dos medíocres.Mas todos giram em torno do impulso criativo.

Uma cena clássica.O Rapaz escreve poemas a amada, seja ela idealizada, ou real.
Esse impulso criativo, pode vir-a-ser por exemplo um filho, ou manifestar-se como uma música, um quadro, um soneto.O ato de criar é em si um ato de amor.

A benevolência(bem-querer) é uma das principais características do amor.Ninguém haveria de querer mal a uma criação sua, pois assim quer mal a parte de si mesmo; e incluo em criações, o sentimento "amor" e o "paixão" , que são sentimentos individuais criados por um individuo, já que a reciprocidade do amor nem sempre (ou diria quase sempre) está presente.

Há infindáveis formas de amor.O amor doente, possessivo, o amor paternal e maternal, o fraternal, a um amigo ou pessoa próxima, o amor carnal, envolto de desejo e o amor desinteressado, leve, onde a benevolência e a atenção são marcas registradas
Esse é o amor mais puro, que eu como ser humano, conheço neste momento.

O amor em si, como sentimento, é um grande propulsor de ações, ele é a força motriz de toda a revolução, de toda a mudança que este mundo um dia há de passar.E não há sensação mais maravilhosa do que amar e ser amado.Mas não devemos confundir amor com felicidade... já que são coisas complementares, porém diferentes em seu âmago.O amor é nutrido a algo, é direcionado tanto pra fora quanto pra dentro de um ser, melhor, é direcionado de dentro pra fora do ser, mesmo que o amor nutrido seja o amor-próprio, que é amar sua própria imagem, algo que está "fora" do nosso ser, já que, como imagem é apenas uma projeção.

Há tanto mais a dizer sobre o amor, mas as palavras nunca serão suficientes.Nem qualquer outra forma de expressão, senão a própria ação do ser que ama ao ser amado.

1 de mar. de 2008

A Loucura (estado alterado de consciência)

Algo que me encanta é a loucura.A loucura pura, a impulsividade, imprevisibilidade, a ilógica de um louco.A "ordem" (aleatória, incompriensível) do caos.
Esse ser caótico, que aqui chamaremos de louco, apenas a efeito de ilustração, se apresenta de forma subliminar, muitas vezes em nós, seres humanos racionais.Em atitudes impulsivas, exageradas, ou em falta de auto-controle.
Auto-controle, segundo os padrões "socias", é não quebrar as barreiras socias, a "boa educação" criada para manter a sociedade unida, já que se não existissem o mínimo de regras sociais, nossa sociedade da forma como a conhecemos se exterminaria ou sequer existiria.
Esse "impulso" que chamaremos loucura, existe em cada um de nós, humanos, de forma mais ou menos presente em sintése com nosso instinto e nosso reflexo.Porem nossa conciência nos impede de sermos impulsivos, ou inconsequentes( há exceções =D ), para mantermos o convivio social e consequentemente nossa sobrevivência.
O louco, aquele dominado pela loucura, não mede suas palavras, não tem filtros.Não sente-se mal por falar o que pensa. Por pensar e ser napoleão, não apenas fingir, efetivar sua auto-imagem. O louco é aquele que não liga para o social, que é o que é e não é o que não é.(pegando um pouquinho de filosofía pré-socrática emprestado)
E justamente por esse fato, todos nós, em menor ou maior grau somos loucos, pois temos momentos de loucura, onde a sociedade, as regras, as normas morais, enraizada na nossa cultura, principalmente pela igreja católica, se vão e fica apenas o desejo e o ego.
Satisfazer os seus desejos, do ser superior(Consciência) ou do eu inferior (Ego) é nosso conceito ocidental de felicidade.
Mas a felicidade fica pra amanhã, caso eu me sinta feliz e possa pensar sobre isso.

fica pro próximo post.

25 de fev. de 2008

Sobre a Solidão

Eis um tema interessante de se refletir...

A solidão não é o estar sozinho, pois estar só pressupõe-se que não há mais ninguém em volta e geralmente é ou uma opção ou uma imposição.
Já estar na solidão implica um não-relacionamento, mesmo havendo outros em volta do solitário.Um solitário sozinho é um eremita em sua caverna de concreto.
Solidão... algo tão temido, muitas vezes evitado a todo custo, mas que sempre persegue o ser pensante, nesse nosso momento histórico.A grande sina dos poetas que falam do amor.Me recorde da música "Triste" que começa assim, "Triste é viver na solidão"

Me questiono porque a solidão e a tristeza andam quase sempre lado a lado.Como irmãos.
A solidão faz pensar, dói na alma, faz sofrer, e isso gera tristeza.Como diria Nietzsche, o ser humano evita o desprazer e busca o prazer, independente da moral.

Outra coisa curiosa é que a solidão geralmente tem a ver com amor. É sempre o amor o personagem principal e a solidão seu coadjuvante na tragédia da vida, que se desenrola no dia-a-dia.O solitário o é por causa do amor, não correspondido, inexistente ou até mesmo por falta de afeto, carinho e atenção desse amor, mesmo existente e presente.

Eu me surpreendo cada dia que passa com a solidão.Muitos ao invés de evitar a solidão, criam nela uma fuga, para traumas e sofrimentos passados.Vivem só e se dizem felizes, mesmo sendo apenas no exterior social, nossa famosa casca social, que sem ela geralmente fica impossível conviver.Uma casca que é um misto de tolerância, hipocrisia e cinismo.

Solidão, o conforto dos traumatizados, a sina dos apaixonados e o destino daqueles que ousam questionar sua casca.

23 de fev. de 2008

Pensando Alto

Primeiro post é sempre difícil.

Por isso vou deixar em branco e vou contar a partir do segundo.